Violão Condor 12 Cordas
Mais um instrumento de igreja chega aqui na oficina. Esse pertence à congregação da qual faço parte. Estava parado há alguns anos por conta de um descolamento parcial do cavalete. Esse é um serviço muito comum que sempre me aparece. A maioria dos casos é por conta do uso indevido de determinados encordoamentos, ou "desenhado" melhor ainda pra todos entenderem: instalar cordas de aço em violão projetado pra ser usando com cordas de náilon! Essa é uma das maiores burradas que fazem e em 99% dos casos o violão termina danificado.
Bom, mas não é o caso desse violão aqui. Ele é um 12 cordas com um timbre muito bacana mesmo. Mas infelizmente o seu cavalete começou a descolar, cedendo à força das cordas esticadas. Bom, ele foi projetado para suportar cordas de aço, mas o que ocasionou esse problema?
Muitos desses violões e outros instrumentos são fabricados na Ásia (a maioria deles na China), onde o clima é outro bem diferente da América Latina. Essa região especificamente do nordeste é muito atingida por maresia e umidade, o que propicia esses descolamentos de madeiras em instrumentos. Como eu já havia mencionado na postagem anterior " Baixo Giannini GBX 1"(link>>> baixo gianni gbx1) guardar um instrumento em local muito úmido e quente facilita o empeno do braço do mesmo. E não é só a madeira que sofre com isso, as colagens também!
Mas chega de conversa e vamos ao que interessa (ah rima sem graça!):
O problema visto de perto: à esquerda vemos o descolamento parcial e o dano causado. O tampo sofreu com isso também, repare que ele meio que forma aquela "barriga". Para a colagem ficar bem segura usei dois parafusos com porcas e arruelas como reforço. Forma embutidos dentro do cavalete em cada extremidade próxima à primeira e última corda. Optei por esse reforço pois a deformidade do tampo o fragilizou, dessa forma é mais que necessário a inserção de pinos para o sucesso desse serviço e evitar uma "barriga" ainda maior no tampo quando as cordas forem instaladas e afinadas.
A visão por outro ângulo: aqui podemos ver ainda mais a abertura que foi causada. À direita podemos ver o resultado da colagem. Um trabalho que não é tão complicado mas requer uma certa minúcia e atenção, pois qualquer vestígio de cola que sai após a prensagem pode danificar a pintura do violão se não for limpado antes que seque.
Como já é de praxe a escala foi tradada: limpeza, hidratação. Também foi feito o polimento nos trastes.
Mais uma foto do serviço feito na escala.
Aproveitando o embalo limpei o headstock.
Já dá pra ver a diferença!
É, tá ficando legal... mas como será que fica com as cordas...?
... O resultado! Dá pra perceber a tal barriguinha no tampo, porém foi minimizada graças ao reforço com os parafusos embutidos.
Finalmente! Esse gigante agora vai voltar à ativa. O timbre dele é muito legal mesmo, definido. Com essa recolagem e reforço extra no cavalete já está pronto pra sobreviver ao clima de maresia e umidade!
Boa noite tenho um violao com o corpo folk 12 cordas ele nao descolou o cavalete porem ele fez a tal barriga de forma que fez com que a altura das cordasficasse de uma forma impossivel de se tocar ate nas primeiras casas ficou uma coisa absurda esta com o tensor regular e etc. Existe alguma soluçao pra ele ?
ResponderExcluirBoa noite Wesley. O cavalete dele já foi recolado, não é isso? Quanto a questão dessa "barriga" ela pode ser sim solucionada, a melhor opção é procurar um profissional luthier pra ele avaliar e ver qual a melhor forma de reverter isso. Mas temos de considerar outras alternativas antes de já ir mexendo nele: O tensor desse violão foi checado pelo luthier? A altura do rastilho e da pestana também? Talvez essas cordas podem estar muito altas pro outros motivos que não sejam essa tal "barriga", saca?
ExcluirBoa noite!
ResponderExcluirMuito bacana a sua postagem, porem, faltou falar coisas mias específicas como o madeiramento, o modelo, o ano, etc...
Desde já agradeço a atenção...